Jardim de Chuva vira referência no remanejamento das chuvas em Jundiaí
Além de garantir a prevenção contra enchentes, também colabora com o meio ambiente

Uma alternativa encontrada por Jundiaí para o enfrentamento das fortes chuvas e dos alagamentos foi por meio de um jardim. Desde março deste ano está funcionando o primeiro Jardim de Chuva da cidade, no Guanabara. Um exemplo de eficácia ocorreu nas fortes chuvas da segunda quinzena de abril, quando foram registrados 99 milímetros no pluviômetro localizado no Jardim Santa Gertrudes. Graças ao projeto, houve redução da quantidade e velocidade do escoamento da chuva intensa e evitou novos alagamentos na rua Rua Norivaldo Martins Silva, como aconteceram no ano passado, no mesmo período.
A prefeitura explica que o Jardim de Chuva é um projeto da Unidade de Gestão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente (UGPUMA), desenvolvido numa parceria da Prefeitura de Jundiaí com o Sesc e especialistas da Fluxus Design Ecológico.
“Aplicando técnicas de drenagem sustentável, com o jardim de chuva, conseguimos reduzir a velocidade da água, direcioná-la pelo terreno e ampliamos a capacidade de infiltração no solo, tudo isso respeitando a paisagem natural. A próxima etapa será replicar esta solução para outras áreas públicas pela cidade, melhorando a gestão da água pluvial no território e reduzindo os riscos de alagamentos”, comenta a arquiteta da UGPUMA, Alissandra Bernardini.
O Jardim de Chuva foi implantado como parte do projeto do futuro Parque Naturalizado, que hoje está em estágio inicial das obras civis, e ao lado da Horta Urbana do Jardim Guanabara, já 90% concluída. Além dos canteiros para o plantio de hortaliças, a área será um ponto de convívio e lazer para os moradores do bairro, e irá auxiliar nas ações de desemparedamento das crianças das EMEBs do entorno, proporcionando novas formas de contato com a natureza.
“A importância da gestão das águas pluviais na cidade, tendo como exemplo o resultado positivo nesta área do Guanabara, é que na ocorrência de eventos climáticos adversos como fortes chuvas, tenhamos por todo o território mais dispositivos desaceleradores da velocidade da água e maiores superfícies de retenção de água, diminuindo, assim, os efeitos indesejados dos alagamentos. E muitas atitudes dos moradores também auxiliam nessa prevenção, como a manutenção das áreas permeáveis mínimas nos lotes e a construção dos poços de amortecimento e infiltração de água pluvial, ambos exigidos pela legislação municipal nas aprovações das edificações”, lembrou a arquiteta.
Legislação
De acordo com o Código de Obras Municipal – Lei Complementar n° 606/2021 – as obras novas, ampliações e regularizações em Jundiaí deverão possuir reservatórios de águas pluviais com fundo drenante ou não, com a finalidade de propiciar a manutenção do abastecimento do lençol freático, a diminuição do volume de contribuição de drenagem nas galerias públicas e o aumento do tempo de concentração das águas pluviais nos cursos d’água e fundos de vale, reduzindo as vazões de escoamento superficial. Ainda segundo a Lei, é obrigatória a aplicação dos dispositivos às obras em terrenos superiores a 350m².
O Plano Diretor Municipal, Lei n° 9.321/2019, também prevê as taxas mínimas de permeabilidade do lote, que correspondem à parte do terreno que permite que as águas da chuva sejam absorvidas pelo solo. Além de melhorar a qualidade ambiental, a área permeável distribuída em muitos pontos da cidade é uma boa forma de mitigar os impactos da chuva.
Dessa forma, parte da precipitação que cai no terreno infiltra no solo e, outra parte escoa com menor velocidade para os sistemas públicos de drenagem, chegando nos rios com menor volume e em um maior tempo, contribuindo para evitar alagamentos nos pontos mais baixos da cidade.
“Temos cadastrado no nosso Sistema de Aprovações Eletrônicas de Projetos de Obras (SAEPRO), 247 projetos aprovados de edificações prevendo caixas de infiltração ou amortecimento, com uma previsão de volume dos reservatórios de mais de 1,1 milhão de litros de água pluvial. Desses, 22 edificações já receberam o habite-se, com um volume de infiltração ou amortecimento implantado correspondente a 39.410 litros. Pequenas ações tomadas nos imóveis, mas distribuídas pelo território e somadas, resultam em grandes resultados para a melhoria do manejo da água pluvial da cidade” avaliou o gestor de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, Sinésio Scarabelo Filho.
“Uma boa gestão da água pluvial na cidade é responsabilidade de todos. Incorporar Sistemas de Drenagem Sustentáveis ao Sistema de Drenagem Convencional, manter áreas permeáveis por todo o território, incentivar a construção e manutenção de reservatórios pluviais de amortecimento ou drenantes nos lotes e não obstruir as galerias de águas pluviais com lixo são ações possíveis e relativamente simples para que tenhamos uma cidade menos impactada pelos eventos climáticos adversos das chuvas”, completou o gestor.
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