Política

Jornalistas vão para a política

Esta tendência vem ocorrendo na Baixada Santista

O jornalismo é considerado o quarto poder na sociedade brasileira, atrás dos poderes Executivo, Legislativo e Judicial. É no jornalismo que as pessoas sabem tudo o que acontecem em suas cidades, estados, no país e no mundo e se informam sobre as coisas que irão mudar a realidade para o bem ou para o mal.

O dever do jornalista é de noticiar com imparcialidade, ouvir os dois lados do fato e buscar soluções para que o cotidiano melhore. Assim os serviços públicos e privados funcionam de acordo para as pessoas poderem ter garantidos os seus direitos de ir e vir, de se expressar, de consumir e viver com dignidade nos serviços da educação, saúde, segurança, habitação, urbanismo, transporte, emprego e na economia.

Por estes fatores é que jornalistas bastante conhecidos do público tem apostado na carreira política para poderem fazer mais pela população. E elas alegam os motivos que levaram a fazer esta troca, com a missão de ajudar ainda mais a população.

 

Solange Freitas

Jornalista já verificando os problemas e trabalhando na pré-candidatura a prefeita de São Vicente. Créditos: Acervo Pessoal.

Nos últimos ela foi um dos principais nomes do jornalismo da Baixada Santista, pela TV Tribuna e era a porta-voz do que ocorria na Região para o Estado e o Brasil na Rede Globo. Solange participou de grandes coberturas que geraram enorme repercussão nacional, como o incêndio da Ultracargo, em Santos, a tragédia das chuvas em Itaóca, no Vale do Ribeira, a interdição da Ponte dos Barreiros de São Vicente, onde 150 mil pessoas precisavam atravessar a pé a estrutura, já que nenhum veículo poderia trafegar e os deslizamentos de terra nos morros de Guarujá, em março, que deixou muitos mortos e várias famílias desabrigadas.

Com o seu espírito de cobrar as autoridades em busca de respostas, ela que agora é pré-candidata a prefeita de São Vicente, pretende usar as mesmas ações no jornalismo em busca de melhorias.

“Por muitas e muitas vezes, eu ficava indignada com os problema enfrentados pela população, e não conseguia esconder essa indignação. Sempre fui conhecida como a repórter combativa, que luta pelos direitos das pessoas, que dá voz a população e que cobra as autoridades sem medo. ‘Você pergunta o que a gente quer perguntar, aperta mesmo’, é o que eu ouvia das pessoas”, conta Solange.

“Mesmo estando numa fase ótima da minha carreira jornalística na filiada da TV Tribuna, mesmo sendo repórter de rede, mesmo recebendo o carinho da população todos os dias, topei a mudança. A indignação que eu sentia ao ver o descaso do poder público com a população, e a vontade de poder ajudar as pessoas ainda mais, foram o que me motivaram a sair da TV Tribuna, em 2020, e entrar na política. E escolhi a cidade que mais precisava de ajuda: por isso hoje sou pré candidata a prefeita de São Vicente”.

 

Thais Margarido

Thaís Margarido trabalhando pela Secretaria de Relações Sociais de Guarujá. Créditos: Acervo Pessoal.

A jornalista construiu uma grande carreira primeiro na TVB (na época afiliada do SBT, hoje filial da Rede Bandeirantes) e depois na Record TV, onde ficou por 10 anos como repórter e depois apresentadora do jornal SP Record. Em 2016 recebeu o convite do prefeito de Guarujá, Valter Suman e passou a atuar na Prefeitura da cidade. Primeiro como secretária de Turismo e depois foi para as Relações Sociais da Administração Municipal. Ela conta o que fez pela cidade e o que a motivou tomar a decisão de mudança.

“Eu estava como apresentadora do SP Record quando o prefeito Válter Suman me ligou e fez o convite para eu ser secretária de Turismo da cidade. Justamente pelo fato de ser jornalista e da cidade. Confesso que a decisão não foi fácil. Dez anos de Record TV, destes, seis só a frente do SP Record, mas vi no convite a oportunidade de literalmente ‘colocar a mão na massa’ e fazer”, conta Thais.

Ela está como pré-candidata a vereadora de Guarujá e espera fazer ainda mais pela população, acompanhando de perto as necessidades da cidade, os desafios e fiscalizando as ações do poder público. Ela já estava trabalhando na política em duas secretarias e procurou melhorar o turismo e a vida das mulheres.

“Como secretária de Turismo implantei o Plano Municipal de Turismo. Implantei o Observatório de Turismo, o Roteiro Náutico Metropolitano, Roteiro histórico (Forte dos Andradas/ Fortaleza da Barra Grande/Pavilhão Maria Fumaça), além de captação de recursos através do DADE para iluminar toda orla e resgate de convênios com o MTur que permitiu a construção do Mirante da Campina, urbanização da Praça Horácio Lafer. Já como secretária de Relações Sociais, onde cuidei de políticas públicas, criei o programa ‘MULHERES QUE CUIDAM’, um programa de terapia em grupo para mães, irmãs, tias e avós de pessoas com deficiência, para que tenham estrutura emocional e ajudem no tratamento. Implantamos o Plano Municipal de Acessibilidade e o Plano Municipal de igualdade racial”, finaliza.

 

Audrey Kleys

Audrey nos tempos de TV Tribuna, onde acompanhava tudo do cotidiano da Baixada Santista. Créditos: Acervo pessoal.

Ela é mais uma jornalista que acumulou grande experiência e sucesso na TV e foi para a política buscar ajudar mais a população. Após 17 anos nas reportagens da TV Tribuna, em 2012 passou a trabalhar dentro da Secretaria de Educação de Santos. E quatro anos mais tarde venceu a candidatura para vereadora. Ela explica as suas motivações para mudar e as conquistas feitas.

 

 

 

 

“Conheci muitas comunidades e estive ao lado de diferentes pessoas em diversos universos, para entender os problemas e as demandas. Também estudei Direito, fiz duas pós graduações em Educação e tive a oportunidade de trabalhar por 4 anos no executivo, na secretaria de educação, como secretária adjunta. Isso me motivou ainda mais a auxiliar a educação! Quando você tem uma soma de saberes, você precisa compartilhar o que sabe. Foi essa bagagem que eu reuni durante todo esse tempo e que me incentivou a, em 2016, me filiar e sair candidata à vereadora em Santos”, conta a vereadora.

“Fico muito feliz quando avalio minha caminhada. Desde o início foram muitas as conquistas, principalmente, na área da educação e paras as mulheres. Só de Projetos de Lei foram mais de 3. Destaco a Lei Respeitar que prevê a ressocialização do homem agressor para que ele reflita sobre o seu comportamento, que resulta em atos de violência, para que não se torne reincidente. Essa iniciativa quer em médio e longo prazos diminuir a reincidência desses crimes de natureza doméstica e familiar. Outro de extrema importância é a Lei Escola Saudável Santista, que torna política pública ações das secretarias de saúde e educação nas unidades municipais de ensino”.

“Outra lei incluiu no Calendário Oficial da Cidade o mês de março como de ‘Educação Preventiva e de Enfrentamento à Endometriose’, que foi aprovado e sancionado pelo prefeito municipal. Auxiliou na realização da Primeira EndoMarcha de Santos, no dia 30 de março. Um alerta a esta importante doença que atinge mais de 50 mil mulheres na Baixada Santista. A endometriose causa dores muito fortes e é uma das principais causas para a infertilidade. Antes da nossa luta, as mulheres da Baixada Santista eram obrigadas a aguardar por intervenção cirúrgica pelo SUS por quatro anos e ainda em hospitais de São Paulo. Em agosto de 2018, conseguimos a implantação do Centro de Endometriose no Hospital dos Estivadores, em Santos, com atendimento a pacientes da região pelo SUS”, finaliza.

 

Rosana Valle

Deputada vem fazendo um grande trabalho na Câmara dos Deputados. Créditos: Acervo Pessoal.

A deputada federal Rosana Valle é um exemplo de grande sucesso e de empenho que vem fazendo pela Baixada Santista, Vale do Ribeira e também pelo Brasil. Ela conta o que a fez mudar e o que vem acrescentando.

Entre os trabalhos feitos pela Rosana, importantes avanços foram conquistados para o Litoral Paulista, estão verbas para as obras da Entrada de Santos, liberações de recursos para o Aeroporto Metropolitano de Guarujá, para a reforma geral da Ponte dos Barreiros de São Vicente e reinício das obras do Conjunto Tancredo Neves, na mesma cidade. Além de recursos para a manutenção de hospitais santistas e auxílio no combate ao coronavírus e leis que visam a proteção das mulheres contra a violência em todo país e direitos aos trabalhadores portuários brasileiros.

 

“Como jornalista, contei centenas de histórias da nossa região e de brasileiros que moram no exterior, conheci mais de 30 países ao redor do mundo. Vi a realidade das pessoas mais humildes e fiz matérias de tragédias, desastres e crimes históricos. Após acumular experiência e conhecimento de tantas reportagens, decidi mudar minha trajetória e pedi demissão da TV. Fiz essa decisão porque acreditava que nossa região merecia um representante que conhece cada cantinho, os problemas e riquezas. Entrei na política com a missão de contribuir com a mudança que queremos ver no Brasil”, conta a parlamentar.

O que o jornalismo pode ajudar a mudar?

Quanto as motivações e o que o jornalismo pode mudar, as quatro jornalistas se guiam na resposta de que a profissão pode ser capaz de ajudar na mudança e assim que ouve as pessoas, as cidades e uma nação podem ser transformadas oferecendo uma vida mais digna e justa.

Solange durante uma reportagem da TV Tribuna. Créditos: Acervo Pessoal.

“Quero poder servir a população, ouvindo a comunidade e dando voz às suas necessidades, assim como fazia enquanto jornalista. Só que desta vez, se eu chegar lá, vai ser pra ter o ‘poder’ de resolver os problemas, não apenas apontar”, conta Solange Freitas.

Ela ainda fala desse novo desafio de vida que é de ingressar na política, mas sem deixar a raiz do jornalismo.

 

“É um desafio e tanto. Sair do ‘conforto’ de onde eu estava, pra enfrentar uma eleição onde tem grupo político que joga sujo, numa cidade cheia de problemas. O jornalismo está em mim e isso nunca vai mudar. Só quero poder exercê-lo de uma maneira diferente. Quero continuar ao lado da população, brigando por ela e juntos buscando as melhores soluções para os problemas”, finaliza.

Thaís Margarido explica de que formas que o jornalismo pode colaborar dentro da política e que é possível gerar a mudança, ao fazer com que a política não seja só um trabalho. “Registrando a realidade, captando a

Thaís atuando na apresentação do SP Record. Créditos: Acervo Pessoal.

demanda e buscando a solução para que efetivamente seja aplicada. Minha passagem pela administração pública me permitiu ver que é sim possível fazer. Basta ter vontade política. Nós jornalistas temos a facilidade de nos adaptarmos fácil. Temos fácil entendimento. A política não tem de ser profissão e sim missão”, explica.

Thaís ainda fala o porque dos jornalistas serem capazes de gerar a mudança.
“Porque nós jornalistas temos como primícia a justiça social, igualdade e equidade. Temos dentro de nós a busca incessante da verdade, da realização. Chegamos em um ponto que estamos cansados de apontar, falar e nada mudar. Então chegou a hora de irmos lá e fazermos para que a atual classe política entenda que a sociedade ainda não desistiu da verdade”, opina a pré-candidata.
Audrey esteve na Secretaria de Educação, antes de ser eleita como vereadora. Créditos: Acervo Pessoal.

A vereadora Audrey Kleys enaltece que todo jornalista deve ouvir para assim poder agir. E é esse fator que deve ser usado dentro da política. “A escuta é o maior instrumento que temos para usar da prática do jornalismo para a política. Ouvir a comunidade, as demandas e tentar uma solução. Lutar pelas melhorias e fazer a ponte com o executivo para cobrar. Esse é o caminho e é o que pode ser usado da experiência do jornalismo para a política: ter a certeza de que os problemas podem ser solucionados com muito trabalho e políticas públicas eficazes a toda população”, conta.

Deputada foi eleita nas eleições de 2018. Créditos: Acervo Pessoal.

Já a deputada federal Rosana Valle afirma que, assim como no jornalismo, também deve haver a cobrança para que os prefeitos, governadores e o presidente tomem atitudes de investir e melhorar as cidades.

“Uso o que aprendi no jornalismo no meu dia a dia como deputada federal. Não tenho vergonha de ficar na porta dos ministérios, de questionar e cobrar. No jornalismo, podia mostrar as situações e problemas, hoje tenho o poder de ação. Minha estratégia continua a mesma dos tempos de repórter: trabalho”.

 

 

 

 

 

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