Política

Pergunta gera ameaça de Bolsonaro

Ele ficou inconformado com uma questão sobre a primeira dama e disse que queria socar repórter

Uma pergunta que causou o maior incômodo e repercussão. “Presidente, por que Michelle recebeu R$ 89 mil de Queiroz e esposa?”. Essa foi a questão que um repórter do Jornal O Globo fez a Jair Bolsonaro, sobre o caso da prisão de Fabrício Queiroz, preso em Atibaia. A pergunta foi feita nesse domingo (23), em mais aglomeração de apoiadores do presidente em Brasília. Ele respondeu da seguinte forma. “‘Minha vontade é encher tua boca com uma porrada”.

Após a ameaça, os outros repórteres que estavam fazendo a cobertura então questionaram se a declaração era direcionada a toda imprensa ou apenas ao repórter que fez a pergunta. “Isso é uma ameaça presidente?”. Bolsonaro não respondeu e deixou o local em seguida. O presidente seguiu então para o Palácio da Alvorada.

Os jornalistas, entretanto, foram proibidos pelos militares de seguir para o espaço reservado à imprensa na entrada da residência oficial do presidente da República. Este fato explodiu nas redes sociais com vários profissionais do jornalismo e outras pessoas criticando tal atitude.

Relembrando o caso

Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente, são investigados pelo Ministério Público do Rio por suposta rachadinha em seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). A prática envolve a devolução de parte dos salários por servidores. A investigação foi deflagrada pouco após as eleições de Bolsonaro à Presidência e de Flávio ao Senado a partir de relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que identificou movimentações suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Alerj.

Entre elas, constava a “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão em uma conta no nome de Queiroz entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Segundo o Coaf, as movimentações bancárias seriam “incompatíveis com a atividade econômica” de Queiroz e grande parte era feita em dinheiro.

Entre as transações, foi identificado um cheque no valor de R$ 24 mil favorecendo a então futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. À época, Bolsonaro afirmou que o cheque era parte de uma dívida de R$ 40 mil que o ex-assessor tinha com ele. O dinheiro não foi declarado em seu Imposto de Renda.

Entre as transações, foi identificado um cheque no valor de R$ 24 mil favorecendo a então futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. À época, Bolsonaro afirmou que o cheque era parte de uma dívida de R$ 40 mil que o ex-assessor tinha com ele. O dinheiro não foi declarado em seu Imposto de Renda.

Neste mês, reportagem da revista Crusoé revelou que Queiroz fez outros depósitos em cheque na conta de Michelle. Ao todo, o ex-assessor Queiroz e a mulher dele, Márcia Aguiar, repassaram R$ 89 mil para a conta de Michelle Bolsonaro entre 2011 e 2016 —antes portanto de o marido assumir a Presidência da República. A defesa de Flávio Bolsonaro tem negado a prática de qualquer irregularidade.

Queiroz e Márcia Aguiar encontram-se em prisão domiciliar no Rio por obstruir as investigações, segundo o juiz Flávio Itabaiana, da 1ª instância da Justiça do Rio.

O Jornal O Globo publicou a seguinte nota sobre a confusão ocorrida em Brasília

“O GLOBO repudia a agressão do presidente Jair Bolsonaro a um repórter do jornal que apenas exercia sua função, de forma totalmente profissional, neste domingo. Em cobertura de compromisso público do presidente, o repórter solicitou que ele se pronunciasse sobre reportagens da revista Crusoé e do jornal Folha de S.Paulo que, no início deste mês, informaram que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro Fabrício Queiroz e a mulher dele depositaram cheques no valor de R$ 89 mil na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Anteriormente, o presidente havia prestado uma informação diferente sobre os valores. Bolsonaro, então, em manifestação que foi gravada, não respondeu à pergunta e afirmou a vontade de agredir fisicamente o repórter. Tal intimidação mostra que Jair Bolsonaro desconsidera o dever de qualquer servidor público, não importa o cargo, de prestar contas à população.

Durante os governos de todos os presidentes, o GLOBO não se furtou a fazer as perguntas necessárias para cumprir o papel maior da imprensa, que é informar os cidadãos. E continuará a fazer as perguntas que precisarem ser feitas, neste e em todos os governos.”

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