Polícia

Policial sofre assedio de colega de farda e pede medida protetiva

A soldado atua em Praia Grande e denunciou o caso e relatou sofrer ameaças de morte

A soldado Jéssica Paulo do Nascimento foi alvo de assédio sexual e também de ameaças de mortes. A policial de Praia Grande denunciou um colega de farda, que é tenente-coronel por cometer os crimes. Ela, junto com o advogado pediram à Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo uma medida protetiva para ela e a família. Além disso solicitaram a prisão preventiva do policial.

A soldado está lotada, atualmente, no 45° Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I), em Praia Grande, no litoral de São Paulo. O tenente-coronel Cássio Novaes, denunciado pelos crimes, atuava na capital paulista. O oficial já está afastado das funções e as investigações começaram.

O advogado Sidnei Henrique explicou sobre os pedidos de prisão feitos. “Ele mesmo diz que tem contatos com desembargadores e, por ele ostentar um cargo de alta patente, há um risco que ele possa intervir no andamento do inquérito militar”, explica.

“Ele pode coagir testemunhas, alterar provas. O pleito é para ele não intervir de forma a prejudicar as investigações. E, também, pela periculosidade presente nas ameaças [de morte]”, explica o advogado da vítima. Entre os pedidos feitos à Corregedoria, está a necessidade de medidas protetivas para a soldado e a família dela. “Neste primeiro momento, para que ele seja proibido de frequentar ou se deslocar à Baixada Santista“, disse o advogado.

O caso

O assédio sexual contra a policial começou em 2018. Segundo Jéssica, o tenente-coronel assumiu o comando do Batalhão da Zona Sul de São Paulo, quando passou pelas companhias para se apresentar aos policiais militares e a conheceu, chamando-a para sair assim que conseguiu ficar a sós com ela.

“Em um momento em que a gente ficou um pouco sozinho, ele assim veio em uma total liberdade, uma intimidade. Mas a gente nunca tinha se visto, né? E me chamou para sair na cara dura”, relembra.

Ela disse ao superior que era casada e tinha filhos, recusando o convite. “Depois desse dia, minha vida virou um inferno”, desabafa. A soldado relata episódios de investidas sexuais, principalmente, por mensagens, ameaças por áudio, humilhação em frente aos seus colegas e até mesmo sabotagem quando se recusou a ceder aos pedidos de seu superior.

Por causa do assédio, a policial chegou a ficar dois anos e meio afastada do serviço para evitar contato com ele. No entanto, a licença acabou no mês passado e ela precisou voltar ao serviço. Ele conseguiu o telefone dela e as investidas recomeçaram e, segundo ela, cada vez mais insistentes. O comandante prometia sustentar os filhos da soldado, dar uma promoção para ela dentro da corporação e a transferência que ela queria para o litoral paulista.

“Eu pensei que precisava de provas porque ele sempre ia fazer isso e ninguém ia acreditar. Entrei em contato com um advogado e ele me orientou a ver até onde ele iria, deixando ele falar”, conta. “Foram coisas muito baixas. Me ameaçou de estupro e de morte”.

As ameaças de morte vieram também por áudios. Em uma das falas, o comandante afirma que “não existe segredo entre dois, um tem que morrer” e “quem não tem problema na vida, está no cemitério”.

Resposta da Polícia Militar

A Polícia Militar informou por meio de nota que recebeu a denúncia e imediatamente instaurou um inquérito policial militar para apurar rigorosamente os fatos.

O oficial foi afastado do comando do Batalhão e a investigação é conduzida pela Corregedoria da Polícia Militar. Segundo a corporação, todos os fatos são sigilosos, conforme prevê a legislação.

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