
O presidente Jair Bolsonaro chegou na Itália nesta sexta-feira (29) para participar da cúpula do G20. Lá, ele foi recebido pelo presidente italiano, Sergio Matarella. Durante a passagem, Bolsonaro foi cumprimentado por apoiadores, mas também foi alvo de protestos mesmo em solo italiano.
Enquanto passou pelo vilarejo de Anguillara Vêneta, de 4 mil habitantes, o presidente conheceu o local onde o bisavô Vittorio Bolzonaro nasceu. Ao chegar na região recebeu cumprimentos e muito apoio. A prefeita Alessandra Buoso, da Liga, partido de extrema direita, deve dar a Bolsonaro o título de Cidadão Honorário do Município.
Veja o vídeo:
Protestos
Só que para variar, por onde Jair Bolsonaro passa, também há protestos. Por conta da premiação que vai receber, políticos italianos, religiosos católicos e brasileiros que vivem na Itália fizeram protestos pela concessão desse título honorário. Para Dario Marini, secretário regional do Partito Comunista Italiano, “dar cidadania honorária à Bolsonaro é como dar o Prêmio Nobel a um médico contrário a vacinas”.
Já a Diocese de Pádua fez um apelo dizendo que o título que ele vai receber de cidadão honorário de Anguillara Vêneta, um vilarejo da região onde nasceu seu bisavô, causa “grande constrangimento”.
Devido à homenagem, ativistas protestaram contra o presidente brasileiro e picharam “Fora Bolsonaro” na sede da prefeitura.
Protesto de ativistas
Ativistas do “Rise Up 4 Climate Justice” (“Levante pela Justiça Climática”, em tradução livre) afirmaram em uma rede social que “a figura de Bolsonaro representa perfeitamente o modelo capitalista, predatório, destrutivo e colonialista contra o qual lutamos”.

“Depois de saber a notícia de que a prefeita de Anguillara Veneta, da Liga Norte, concederá cidadania honorária a Bolsonaro, presidente do Brasil que visitará Pádua, como ativistas e ativistas do ‘Levante pela Justiça Climática’, não pudemos deixar de nos fazer ouvir”, escreveu o grupo.
Os ativistas também criticaram a forma como o presidente brasileiro lidou com a pandemia e o crescimento do desmatamento no Brasil e disseram que “Bolsonaro encarna o principal inimigo do clima” e “da vida”. “Vamos nos opor aos destruidores de nosso planeta aqui e em todos os lugares”.
Críticas da diocese
No posicionamento divulgado na quarta-feira (27), a Diocese de Pádua fez um pedido a Bolsonaro. É para que “seja um promotor de políticas respeitosas da Justiça, da saúde e do meio ambiente”:
“A Diocese de Pádua, tornando-se porta-voz de um sentimento generalizado e em virtude do vínculo que une o Brasil com a nossa terra, aproveita a oportunidade da possível passagem do presidente Bolsonaro por Anguillara Veneta para pedir-lhe sinceramente que seja um promotor de políticas respeitosas da Justiça, da saúde e do meio ambiente, especialmente para apoiar os pobres“, diz o texto.
Além disso, o documento também destaca as figuras dos padres Ezechiele Ramin e Ruggero Ruvoletto, ambos assassinados por pistoleiros no Brasil, e afirma que, nos últimos meses, os bispos brasileiros “estão denunciando fortemente a violência, o abuso, a exploração da religião, a devastação ambiental e ‘o agravamento de uma grave crise de saúde, econômica, ética, social e política, intensificada pela pandemia'”.
“A notícia destes dias volta ainda mais os holofotes para a gestão da emergência da Covid, em um país que já registrou mais de 600 mil mortes na pandemia”, diz o texto.
Recentemente, mais de 400 padres e 10 bispos católicos brasileiros assinaram um manifesto. Nela há a acusação de Bolsonaro de ter profanado o Santuário de Nossa Senhora Aparecida no dia 12, dia da padroeira do Brasil.
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