Além do impacto social e de promover o terror e mortes, a invasão somada com a guerra envolvendo a Rússia com a Ucrânia também terá impactos econômicos por todo o mundo. No Brasil, preços da gasolina e de alguns alimentos também terão alta na inflação.
Segundo especialistas, o conflito deverá impactar a produção de fertilizantes, aumentar o preço do trigo e seus derivados, como o pãozinho e o macarrão. Além disso, vai desencadear consequências indiretas das sanções impostas à Rússia, que podem prejudicar todo o sistema financeiro mundial.
Combustíveis
O petróleo tipo Brent subia mais de 6% nesta quinta, passando dos US$ 103 por barril. Esse petróleo é referência para a Petrobras no reajuste dos combustíveis. Contudo, antes mesmo da crise eram considerados “vilões da inflação”.
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), acredita que a tendência é que os reajustes mais rápidos comecem mesmo pelo petróleo e derivados. A Rússia produz cerca de 11% do insumo em todo o mundo.
Para Luis Otávio Leal, economista-chefe do Banco Alfa, tudo dependerá do quanto deve durar a guerra no Leste Europeu. A Petrobras poderia segurar parte deste arranque de preços contando com uma normalização do mercado, mas um prolongamento do conflito tira o poder de “absorver o baque”.
Pãozinho, soja e milho
O Brasil é altamente dependente da importação de trigo, base da produção de pães, massas, biscoitos e macarrão.
E a Rússia está entre os maiores exportadores do grão, com cerca de 13% de participação no mercado. Além do efeito direto de alta, uma falta de trigo pode demandar uma substituição de insumos e trazer para cima os preços da soja e do milho, por exemplo.
Além do trigo, os fertilizantes russos também podem sofrer uma quebra de produção. Novamente, um efeito em cadeia pode chegar ao bolso do brasileiros: o agricultor pode ter dificuldade de acesso ao produto, tornando a lavoura menos produtiva e reduzindo a oferta de alimentos – mesmo os produzidos aqui dentro.
Carros e eletrodomésticos
Ainda desconsiderando o conflito, o IPCA-15, divulgado nesta quarta-feira (23), mostrou que os bens duráveis já sofriam uma escalada de preço. Segundo André Braz, do Ibre, o aumento da produção industrial que afeta os bens duráveis – como eletrodomésticos e veículos – será o efeito mais persistente da inflação, já que o petróleo é usado em várias estruturas produtivas.
“Mesmo que a gente continue subindo o juro para conter isso, naturalmente o aumento de preços, dada a escassez do produto, pode fazer com a inflação fique até mais persistente”, avalia.
Outros itens
Ainda que a Petrobras decida não aumentar o preço da gasolina e do diesel, o barril de petróleo eleva o valor de toda uma cadeia de produtos. Se houver um reajuste, além do transporte individual encarecer, tudo o que tiver preço de frete embutido pode ter reajustes, como produtos industriais e alimentos.
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