Brasil confirma primeira variante indiana da Covid-19
A cepa está sendo estudada para saber se ela é mais fácil de ser transmitida
Nesta quinta-feira (20), o Brasil confirmou o surgimento da variante indiana da Covid-19. Ela apareceu no Maranhão e o secretário de Saúde do Estado, Carlos Lula, junto com o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) deram mais detalhes do caso.
A variante do coronavírus foi localizada com um tripulante da Índia. Ele tem 54 anos e estava a bordo do MV Shandong da Zhi, atracado no litoral do Maranhão. De acordo com o secretário, foi possível fazer o estudo genômico de 6 das 15 amostras estudadas.
Em todas as 6 amostras foram confirmadas a cepa indiana. Por conta disso, a tripulação do navio se encontra isolada, não tem permissão para atracar na costa do Maranhão e continuará fundeado. Conforme o secretário, 100 pessoas que tiveram contato com esses tripulantes serão testadas, acompanhadas e isoladas.
“A variante já estava presente em 51 países e aqui na América do Sul só estava presente na Argentina . O Brasil acaba sendo o segundo país da América do Sul com confirmação da cepa”, disse o secretário.
Primeiro caso
Este é o primeiro caso da cepa indiana no Brasil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a variante está sendo classificada como um tipo digno de preocupação global. A OMS disse que a linhagem predominante da B.1.617 foi identificada primeiramente na Índia em dezembro, embora uma versão anterior tenha sido detectada em outubro de 2020.
Ele foi internado em um hospital privado de São Luís, capital do Maranhão, para atendimento a pacientes com Covid-19. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o fato foi informado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele começou a sentir os sintomas da doença em 4 de maio e teve febre. Por conta do quadro, o indiano foi encaminhado em um helicóptero para um hospital da rede privada na última sexta-feira (13), por determinação da equipe médica que o assistia.
Entenda a variante
A variante indiana B.1.617 possui três versões, com pequenas diferenças (B.1.617.1, B.1.617.2 e B.1.617.3), descobertas entre outubro e dezembro de 2020. As três versões apresentam mutações importantes nos genes que codificam a espícula, a proteína que fica na superfície do vírus e é responsável por conectar-se aos receptores das células humanas e dar início à infecção.
Entre as alterações, uma se destaca: E484Q tem algumas similaridades com a E484K, alteração encontrada nas outras três variantes de preocupação global. São elas: a B.1.1.7 (Reino Unido), a B.1.351 (África do Sul) e a P.1 (Brasil, inicialmente detectada em Manaus).
Mas até o momento, cientistas ainda não conseguiram estabelecer:
- A sua real velocidade de transmissão e se ela é mais transmissível Se a variante está relacionada a quadros de Covid-19 mais graves, que exigem internação e intubação
- O quanto as mudanças genéticas interferem na eficácia das vacinas já disponíveis
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