Saúde

Menos de 40% dos idosos brasileiros foram vacinados contra a Covid

A grande maioria das pessoas com 60 anos ou mais precisam ser imunizados

O Brasil em alerta sobre a vacina conta a Covid-19. Passados quatro meses desde o início da campanha de vacinação, somente 39% dos idosos já foram imunizados. Isso equivale a 11,7 milhões de pessoas que tem 60 anos ou mais que já se vacinaram. Os especialistas temem que toda população seja imunizada até 2023, mas temem também pela terceira onda.

Parte dessas pessoas, principalmente das faixas acima dos 65 anos, ainda aguarda chegar o momento correto de tomar a segunda dose. Mas especialistas indicam que há uma importante parcela que não completou sua imunização. De todos que já tomaram a vacina, pelo menos 6,3 milhões de pessoas estão com a 2ª dose em atraso, segundo o levantamento feito pelo Laboratório de Estatística e Ciência de Dados da UFAL até quarta-feira (19).

“A distribuição etária deixa claro que temos um longo caminho pela frente”, afirma o físico Marcelo Gomes, especialista em modelos de propagação de doenças da Fiocruz. Ao ampliar a análise para todo o grupo prioritário, que totaliza pouco mais de 78 milhões de pessoas segundo a última atualização do Plano Nacional de Vacinação, vê-se que 45% receberam a 1ª dose e somente 20% podem ser consideradas imunizadas, pois receberam também a 2ª dose.

Entende-se como grupo prioritário os profissionais de saúde, os idosos acima de 60 anos, as grávidas, os indígenas, entre outras categorias incluídas recentemente. Os motivos para esse problema de vacina são:

  • Falta de vacina
  • Baixa cobertura da 2ª dose
  • Comunicação falha e falta de busca ativa
  • Dados de gestão de difícil acesso

Medo da terceira onda

A vacinação eficiente é a principal arma para evitar uma terceira onda de casos e mortes causadas pelo coronavírus. A possibilidade de uma nova onda foi levantada pela Fiocruz, em um boletim extraordinário do Observatório da Covid-19 da fundação.

“A observada manutenção de um alto patamar, apesar da ligeira redução nos indicadores de criticidade da pandemia, exige que sejam mantidos todos os cuidados, pois uma terceira onda agora, com taxas ainda tão elevadas, pode representar uma crise sanitária ainda mais grave”, afirma o documento.

O Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME), da Universidade de Washington, acredita que é provável uma terceira onda no Brasil no inverno por conta da sazonalidade do vírus e o baixo ritmo de vacinas, mas projeta que não será tão forte quanto a segunda onda.

“O IHME está projetando um aumento [da transmissão] no inverno no Brasil devido à sazonalidade e à baixa distribuição de vacinas”, afirma o professor Ali Mokdad, um dos líderes do projeto modelagem de Covid-19 do IHME.

“No entanto, não será tão alto quanto o que vimos com a segunda onda porque muitas pessoas já foram infectadas. Mas se uma nova variante de escape for introduzida, as coisas podem ser piores, pois infecções anteriores não serão muito protetoras”, alerta.

Faltam vacinas

Os especialistas são unânimes em afirmar que a baixa oferta de vacina é o principal problema na luta contra a Covid-19 no Brasil.

“O quantitativo de vacinas é pequeno e é enviado aos soluços. O município fica sabendo em cima da hora quantas doses vai receber, e isso dificulta a definição mais precisa dos grupos que vão receber”, afirma a epidemiologista Brigina Kemp, assessora técnica do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de SP.

Orientações contraditórias sobre a gestão das doses disponíveis – aplicar todas ou guardar a segunda dose? – agravam o cenário da cobertura vacinal. “Preocupa o cenário daqui a três meses. Agora muitas pessoas estão sendo vacinadas com a Astrazeneca, e o número de segundas doses dela é pequeno. Mas não se sabe se, lá para julho, agosto, vai ter dose para aplicar em todas as pessoas. É uma preocupação, porque cada município decide como equilibrar as doses que têm”, aponta Krerley Oliveira, coordenador do Laboratório de Estatística e Ciência de Dados da UFAL.

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