No próximo dia 27 será celebrado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e para abordar mais sobre realizar este gesto de empatia, de amor ao próximo e respeito a vida, o Hospital São Vicente de Paulo, em Jundiaí vai promover ações visando a reflexão e a conscientização sobre o tema.
De acordo com o HSV, apesar da importância, alguns fatores são responsáveis pela recusa familiar durante a abordagem da equipe da Comissão Intra Hospitalar de Transplantes (CIHT). Ela é a responsável por informar sobre a possibilidade e solicitar a autorização para doação após o diagnóstico de morte encefálica.
Entre os motivos citados para não doarem, não estão a complexidade do sentimento diante a perda recente, questões religiosas, medo e o imediatismo. Outros fatores decisórios nos registros recentes se devem à pandemia de Covid-19. Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o número de doadores caiu 26% no país em 2021.
Situação do Hospital São Vicente
No Hospital São Vicente, até o momento, a redução foi de 50% em comparação aos anos de 2019 e 2020. O índice aponta que a queda também está atribuída a contraindicação e a rejeição por parte dos responsáveis legais. Desde o último ano, a unidade hospitalar também registrou uma redução de 33% no número de órgãos doados.
De janeiro a agosto de 2021, foram 38. Em 2019, o hospital realizou a captação de 63 órgãos e em 2020, 57. O médico e coordenador da CIHT, Dr. Izandro Régis Brito Santos, explica que as comissões são fundamentais para o sistema nacional de transplantes.
“Elas possuem uma importância de base no sistema. Em muitos hospitais onde as comissões não são atuantes, não são captados órgãos e isso, infelizmente, ainda é uma realidade em vários hospitais do país. A equipe trabalha a identificação do potencial doador, a manutenção desse paciente, conversa com as famílias, envolve todos os profissionais do hospital na cultura do transplante”, explica o médico.
“Esse trabalho foi reconhecido pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema Nacional de Transplantes, inclusive com premiação das comissões que apresentam maior desemprenho. Nossa comissão é multiprofissional e ela foi pensada assim exatamente para envolver o maior número possível de profissionais, transferindo o mérito para todos. É necessário que os profissionais da saúde entendam e vistam essa camisa”, ressalta.
Famílias apoiam a doação de órgãos
Para os familiares da doadora Matildes Rosa Teixeira D’Urbano, de 53 anos, a decisão não foi fácil, mas o sentimento é de dever cumprido. “Ela teve um aneurisma e ficou uma semana internada. Nunca falamos sobre o assunto, não sabíamos da opinião dela quanto a isso. Perdemos uma pessoa muito querida, muito amada, mas ajudamos outras pessoas a terem suas vidas de volta”, conta a sobrinha Karina Graziele Vaz.
Já a Sra. Eliane Lemes de Souza, explica que a doação de órgãos sempre foi um assunto recorrente na família do doador Geovani Henrique Souza do Nascimento, de 19 anos. “Eu sempre expressei a minha vontade de doar e ele também, mas após um familiar receber a doação de rins, esse desejo ficou mais intenso, pois sabíamos o quanto isso transformou a vida dessa pessoa. Meu filho sofreu um acidente de moto e infelizmente não resistiu, mas no momento em que soube da notícia, Deus tocou meu coração e senti que doar os órgãos dele era o certo a se fazer. Saber que estou ajudando outras pessoas é gratificante. Plantei a semente da caridade e penso que todos deveriam ter essa consciência”, reforça a mãe de Geovani.
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