Esporte

Na calada da noite, Rogério Ceni é demitido do Flamengo

Treinador vinha sofrendo constante pressão e anúncio ocorreu durante a madrugada

O futebol brasileiro amanheceu com uma bomba vinda direto do Flamengo. O clube anunciou ainda na madrugada que Rogério Ceni não era mais o técnico da equipe. Para muitos, era questão de tempo que a queda fosse anunciada. Ainda assim gerou opiniões divergentes nas redes sociais e em diversas rodas de conversas e nos programas de TV.

Desde quando chegou ao Rubro-Negro, após Domenéc Torrent ser desligado, Rogério Ceni conviveu com momentos de alegria e sucessos, como os títulos do Campeonato Brasileiro de 2020, da Supercopa do Brasil e do Campeonato Carioca de 2021. Mas mesmo com estas conquistas, o treinador nunca foi unanimidade no clube. Dirigentes não gostavam do trabalho dele e até entre os atletas rusgas ocorreram, especialmente com jogadores reclamando de substituições.

Na Libertadores deste ano, o Flamengo até se classificou para as oitavas de final, mas o futebol oscilante gerou desconfianças. Só que a gota d’água ocorreu no Brasileirão deste ano, onde a equipe está em 12º lugar. Mas vale ressaltar que a equipe está com dois jogos a menos na competição. Nos últimos quatro jogos, foram três derrotas e apenas uma vitória, o que fez com que a situação de Rogério Ceni ficasse bem delicada.

A demissão de Ceni começou após reunião com o presidente Rodolfo Landim no Ninho do Urubu, Marcos Braz e Bruno Spindel deixaram o CT por volta das 20h para reunião entre eles. De lá, seguiram para a casa de Rogério Ceni, no início da madrugada, onde conversam com o treinador e comunicaram a decisão. Logo depois, veio o anúncio nas redes sociais.

“O Clube de Regatas do Flamengo informa que não continuará com Rogério Ceni à frente do time principal. O Clube agradece pelos serviços prestados e deseja sucesso nos próximos desafios”, diz o comunicado.

Problemas desde o início

Contratado em novembro de 2020, Rogério acabou não resistindo aos maus (e decepcionantes) resultados colhidos neste início de Brasileirão e também ao conturbado ambiente interno. O desgaste no departamento de futebol era crescente nas últimas semanas, e o treinador estava cada vez mais isolado e desconfiado da maioria daqueles que o cercavam no centro de treinamento. O silêncio da diretoria mesmo diante dos conflitos virem a público aumentava ainda mais o incômodo.

Em sua última entrevista coletiva, após a derrota para o Atlético-MG na quarta-feira, Ceni disse entender as críticas, mas ressaltou que se tratou do nono jogo seguido com desfalques importantes, cedidos para seleções.

Na sexta-feira (9), o treinador comandou normalmente as atividades no campo, enquanto Rodolfo Landim, Marcos Braz e Bruno Spindel debatiam os rumos do futebol em reunião no Ninho. O presidente queria se inteirar da realidade dos conflitos recorrentes naquele ambiente, e o trio foi surpreendido com dois vazamentos que estremeceram as bases do trabalho do técnico ao longo da sexta.

A diretoria iniciou um processo de caça às bruxas com o aval de Landim para demissão dos envolvidos. A percepção nos bastidores é de que o vazamento partiu da pequena ala favorável a Ceni para expor pontos fracos do departamento.

Não tardou, no entanto, e o contragolpe veio em alto e bom som pela voz do analista de scout Roberto Drummond. Por mais que o departamento comandado pelo ex-volante Fabinho não tenha relação com o trabalho da análise de desempenho, o vazamento gerou burburinho em razão das críticas ferrenhas de Drummond a Ceni em áudio para pessoas próximas.

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